


Às vezes penso em como - quando chegar a altura - irei encontrar respostas para perguntas do Manuel. Haverá as mais fáceis, aquelas que será preciso adornar e as que levarão mais tempo a explicar. Muitas outras vezes penso naquelas perguntas para as quais até hoje não tenho resposta. Fazem parte da vida, acompanham-me silenciosamente e há dias em que não me saem da cabeça.
Porque é que as coisas más também acontecem às pessoas boas é uma dessas perguntas. A cada dia vejo novos pedidos de ajuda, conheço novas histórias. Crianças que enfrentam corajosamente doenças terríveis, pais heróis que conseguem manter o sorriso para não assustar os filhos. Mulheres e homens que nos momentos de apuros não têm a quem recorrer, idosos que trabalharam uma vida inteira e que agora passam os dias na mais escura solidão. Não precisamos de procurar muito para encontrar tantos exemplos de pessoas boas a quem a vida apresenta provas tão difíceis de superar, muitas - à partida - impossíveis de vencer.
Há momentos em que dou por mim a olhar para o Manuel e para o André e a rezar para que a vida permita que nos mantenhamos assim. Há instantes de confiança em que penso: Já passamos por tanto que agora só pode melhorar. Mas depois conheço histórias como as do Rodrigo e da Miriam e choco de frente com esta dura verdade de que as coisas más podem suceder-se sim e também acontecem às pessoas boas. Eu sei que a vida é assim mas às vezes é verdadeiramente assustadora.
Muitas vezes me perguntam sobre a motivação para criar um blog. Mais vezes ainda me perguntam sobre como manter um blog. Pelo meio ouço muitas observações do género "mas há tantos por aí" como que a dizer que há demais ou que agora toda a gente tem um blog.
Tantas vezes dou por mim a pensar nestas questões. Porque isto de ter um blog nasceu e foi crescendo - por uma vontade minha, incentivada depois pelo A. que gosta de nos ler - mas sem pensar quantas pessoas iriam gostar ou acompanhar. Não, o Short Story cresceu sempre com a preocupação de gerar conteúdos interessantes, posts para os quais olhássemos nós e pensássemos: gosto!
Eu sou a leitora número 1 do meu blog. Gosto dele. Gosto de reler e reviver as histórias. Mal seria se não gostasse, pois claro. Mas não escrevo, nem faço actividades - depois de um dia de trabalho e de deitar o Manuel - a pensar em quantas pessoas vão gostar. Faço sim, a pensar se vai ficar bonito, se vou gostar de fazer e se as pessoas vão gostar. Mesmo que seja apenas uma pessoa.
Se me pedissem para descrever o Short Story numa palavra, não hesitaria: inspiração. Quero acreditar que com pequenos gestos e momentos que aqui partilho consigo transmitir uma brisa de leveza, de alegria, de acreditar que com pequenos passos conseguimos criar grandes momentos.
Porque é também inspiração o que procuro nos outros blogs que vou acompanhando, uns mais outros menos frequentemente. E quando descubro um novo blog de que gosto fico sempre contente como uma criança que descobre um novo brinquedo. Há por aí tantos blogs giros, tantas pessoas interessantes e esta possibilidade de poderem partilhar connosco tudo o que aprendem, experimentam, descobrem, a mim maravilha-me. Não me preocupa, não acho que sejam demais. Cada um de nós pode escolher o que quer ler e os que quer seguir. E essa é a maravilha de todo este mundo a que chamamos Internet: a permanente descoberta feita à medida de cada um.