As possibilidades do impossível

7.5.14
jpaquim.jpg Há uns tempos atrás apanhei na televisão, entre sestas, o filme O Impossível e apesar de adivinhar pelo que tinha visto no trailer que seria um filme duro de acompanhar, fiz-me de forte e deixei a televisão naquele canal. Chorei de cara lavada durante quase todo o filme (mesmo enquanto aproveitava o tempo para preparar os leites e as sopas e ralava a fruta) não apenas pelo sofrimento físico retratado mas sobretudo por imaginar a angústia daqueles pais na procura incessante pelos filhos que achavam que tinham perdido. E depois pensava que tudo aquilo aconteceu mesmo a alguém. Não é imaginação de um guionista. Centenas de pessoas passaram por aquela angústia e a maioria não teve o final feliz deste impossível que foi afinal possível.
Lembro-me muitas vezes de quando a minha mãe me dizia, Um dia vais entender, como resposta a um qualquer comentário meu do género, já sou adulta, não tens que estar sempre preocupada! E tinhas razão mãe, agora entendo. E sinto aquele medo que te via nos olhos de que algum mal lhes aconteça e eu não esteja lá para os proteger. E essa ideia aterroriza-me. Não tenho medo que esfolem os joelhos, se magoem a brincar ou a cair. A isso chama-se crescer. Tenho um medo de lhes ver nos olhos um sofrimento que eu não consiga estagnar. Ou ainda pior, que estejam longe de mim quando o olhar tiver essa imagem reflectida.
Ontem soube da perda de uma mãe blogger e a imagem do menino ainda não me saiu da cabeça. E do coração não me sai a angústia por sequer imaginar o que estes pais podem estar a sentir.
A vida às vezes é tão complicada de se decifrar. E injusta. Mas o poder não está nas nossas mãos, o que está é a possibilidade de darmos o melhor de nós.

7 comments:

  1. Esse filme é um dos filmes favoritos das minhas três raparigas, choraram que se fartam mas adoraram o filme. Eu sou sempre uma lamecha terrível mas pioro nos tempos que seguem ao nascimento de um filho :-) tenho angústias enormes e um sonho recorrente que tento em vão chegar aos miúdos e não consigo, além disto sempre que vou para fora tenho sempre uns minutos de pânico irracional, um pensamento avassalador de que se algo me ou lhes acontecer, estamos longe. É pavoroso... uma vez ouvi alguém dizer: "Ter filhos e passar a ter o coração fora do corpo", é mesmo... Obrigada pela tua partilha. X

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    1. É mesmo Alexandra é viver assim. E eu sou como tu, uma lamechas daquela elevada a um expoente máximo e há histórias que me tocam e que não consigo esquecer.
      Obrigada a ti pela mensagem :)

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    1. Daniela, sem palavras? Ora aqui está uma coisa nova :)

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  3. não é tão novo assim nem tão invulgar :)
    fiquei mesmo triste com esta história...

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    1. Esta história é terrível e marcante...e viste que o Ryan tinha sido modelo da Q&F?
      Às vezes, durante o dia, dou por mim a pensar nos pais...

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    2. Por acaso não vi... Mas ele era lindo e fiquei com tanta pena. Fosse ele lindo ou não.... Sim, tambem pensei nos pais.

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