Os dias, o sono e a imperfeição da felicidade...

No outro dia recuperei um disco que achava perdido e voltei a ver algumas fotografias de uma viagem que fizemos aos Estados Unidos há dois anos. O tempo passa a correr - e eu teimava em não acreditar nisto quando era mais nova - e se por um lado nos vejo diferentes, olho para nós e acho que estamos sempre iguais. Rio-me sozinha ao ver as nossas figuras para as fotografias que íamos tirando e rio-me perante a dificuldade que permaneceu no tempo de conseguirmos ter uma fotografia decente desta nossa família que todos os dias lutamos para construir.
E fico feliz por sermos tão perfeitamente imperfeitos nesta nossa maneira de ser. Rimos, choramos mas sabemos que a resposta para todos os nossos desafios está em nós e em mais ninguém e essa certeza é incrivelmente tranquilizadora. É quase como uma injecção de serenidade instantânea, se me faço entender.
Esta semana que passou foi dura. Pronto. Já disse. Sou muitas vezes acusada de não me queixar. E por isso aqui fica. Foi D-U-R-A. Com o André fora e o regresso à escola, ao trabalho, a virose que o Manuel trouxe para casa deu cabo de mim. A última noite seguida que dormi foi a 5 de Setembro e se por um lado parece que não foi assim há tanto tempo, por outro penso na resposta que dei quando hoje me perguntaram se eu tinha dormido bem e eu respondi: não foi má a noite, só acordei 5 vezes!
No Sábado antes de adormecer dei comigo a pensar bom, mesmo bom era dormir de seguida até às 06h00. Vá, não posso pedir tanto, de seguida até às 05h00. E depois caí em mim e apercebi-me de que por estes dias as minhas expectativas andam em baixo e que houve o tempo em que essa era a hora em que adormecia num sábado à noite.
O André chega no final da semana e eu anseio pela chegada dele, não me interpretem mal, mas eu sonho com a minha noite de sono. S-o-n-h-o. Acordada. Todos os dias.
Até lá, olho para estas fotografias e para os nossos dois meninos e faço uma palhaçada com eles, canto o Happy com o Manuel no carro e aqueço com o sorriso do Joaquim. Mesmo sem tempo para sequer secar o cabelo antes de sair de casa, mesmo limpando a cara do Manuel à última da hora, à porta da escola, com um lenço molhado numa garrafa de água esquecida no carro, mesmo deixando o Joaquim de pijama muito para além do razoável. Mesmo assim, esta é a minha perfeita imperfeição que não trocava por nenhuma outra. (mas vá, aqui entre nós, não deixava de ser maravilhosa com mais umas horas de sono).