Temos andado em arrumações aqui por casa. Daquelas profundas. Não só na nossa casa como na casa dos meus pais. Com obras à porta já não havia mais desculpas para não olhar para os caixotes, sacos e armários que guardavam peças fechadas há décadas. E eu vou frequentemente a casa dos meus pais revirar algumas gavetas procurar relíquias da minha mãe. Mas a capacidade que o meu pai tem em guardar pequenos tesouros nunca pára de me surpreender.
Numa das visitas guiadas para me contar a nova organização dos armários espalhados pela casa (peças de moda, peças clássicas, ...) encontrei este vestido e deitei-lhe logo a mão. Foi uma questão de instinto. O mesmo que dias antes me tinha feito apanhar um vestido que estava entre trapos para passar a usar como panos de limpeza.
Bastou-me ver o padrão miudinho (adoro este termo, lembra-me a minha avó Irlanda) e as pregas a sair da cintura para perceber que tinhamos sido feitos um para o outro. Quando o vesti nem quis acreditar. Estava perfeito. Sem precisar de nenhum ajuste e com um modelo que me fez querer correr a uma costureira com tecidos para o reproduzir em linha de montagem.
O facto de que foi usado pela minha mãe e de guardar a sua memória faz-me andar com uma confiança que não tenho quando uso outras roupas. Compro cada vez menos roupa, dei um guarda-roupa e mesmo assim tenho a sensação (real) de que tenho o meu armário cada vez mais cheio com estes achados que vou fazendo pela casa dos meus pais.
Juntei ao vestido umas sandálias iguais a umas que a minha mãe tinha, um anel que as minhas amigas me ofereceram nos anos e os óculos do André e ficou o conjunto perfeito para um passeio para pequeno almoço com a minha família.
Aquela mesma família que por vezes me leva à loucura com o barulho e animação mas de que sinto falta nos primeiros cinco minutos em que estão a dormir.
Gosto disto. De peças com história e talvez por isso nunca me tenha importado de comprar coisas em segunda mão. Mas claro, as minhas preferidas são mesmo as que me chegam de bem perto e que ainda trazem um pouco da minha mãe.
Espero que gostem do meu novo vestido e que me perdoem o notório excesso de fotografias mas ando com um poder de síntese de fugir!
Adoro o vestido. Adoro o tecido. E, vamos ser sinceras fica-te mesmo bem. Parece que foi feito para ti. Beijinho
ReplyDelete