A poucos dias de fazer 44 anos tenho dado por mim, ultimamente, a relembrar tantas coisas da minha infância. Do ser filha, quando ainda não era mãe. Acho que esta transição foi para mim, um dos maiores desafios que já enfrentei. Não por ser difícil ser mãe mas porque eu era tão cheia de certezas enquanto filha, porque achava que tinha as respostas todas e sabia exatamente onde é que a minha mãe tinha errado e como deveria ter antes feito. Que ignorante que fui e que presunçosa também.
Lembro-me de olhar os meus pais (com a idade que tenho agora) e de os achar pessoas adultas, aqueles que guiavam o caminho, que sabiam distinguir o certo do errado, que tinham respostas e que tinham o poder sobre tudo o que nos rodeava. Hoje, olho para mim e sinto-me ainda uma miúda, tantas vezes a driblar responsabilidades na tentativa - muitas vezes falhada - de as alinhar e encestar nos sítios corretos.
O meu pai telefonou-me um destes dias a dizer-me que nem sabia para onde tinha voado o tempo mas que queria dizer-me para aproveitar muito os 40 porque guarda as melhores memórias dessa altura. Mas que passam a correr.
Pois passa tudo isto, a uma velocidade tão grande que só nos apercebemos disso quando já lá está atrás. E eu quero viver um bocadinho mais devagar mas os dias são tão rápidos que às vezes não consigo lidar com esta vida a diferentes velocidades e sinto que não chego a todos os lados sendo que o lado onde nunca quero falhar é o dos meus filhos. Nem da minha família. Nem dos meus amigos que são família.
E para não falhar às vezes penso que o melhor é fechar os olhos e deixar que o leme se guie sozinho por um bocadinho, para ver para onde vai a corrente que espero que para águas calmas.
Vamos a isso 44, a dar o melhor de mim e a esperar que a vida retribua.